Adeus, 2017!

           

           Finalmente, o ano de 2018 chegou. Eu amo começo de ano. Embora não devesse esperar o ano começar para conseguir iniciar as coisas, quando o ano inicia, eu sinto como se tivesse finalmente mudado de volume e posso começar um novo arco da minha vida. O ano de 2016 eu terminei muito orgulhosa de várias coisas. Perdi algumas amizades, porém, ganhei outras. Consegui seguir firme com minha vida saudável. Me dediquei o máximo que pude para ambos os blogs. Consegui tirar o refrigerante da minha vida e chegar ao meu peso ideal. Eu estava muito feliz e realizada.
            O ano de 2017, embora tivesse tudo para ser o melhor ano da minha vida, terminei com um gosto amargo na boca. Por que? Apesar de eu ter feito amizades tão preciosas e ter começado novos projetos, por que não estou satisfeita? Primeiro, eu já comecei o ano de 2017 respirando fundo e suportando a vontade de chorar e gritar. Nos últimos dias de 2016, fui quebrada por pessoas que amo e, para dar o golpe final, ainda fui destituída totalmente da vontade de ir à igreja. Eu sei que não deveria deixar que as pessoas que eu deveria chamar de "irmãos em Cristo" me afugentassem com seus julgamentos.
            Se existe algo que aprendi e me fez resistir de pé até hoje, vivendo de cabeça erguida, é que, se algo me machuca, se alguém perturba a minha paz e destrói o meu emocional, eu corto da minha vida, seja parente, irmãos da igreja e amigos. O motivo de eu não querer ir para a igreja que eu costumava ir é que eu não quero ter que lidar com a dor que me atravessou quando eu ouvi aquelas palavras que me destruíram por dentro. Ser julgada por seres humanos é doloroso. Só que, se fosse apenas isso, estaria bom. Acredito que todo mundo já teve aquela fase de tentar se reencontrar e conhecer a si mesmo. Alguns descobrem rápido, outros demoram.
            Eu demorei, me sufoquei em conflitos e achei que não ia sobreviver a isso. Eu me encontrei, passei a reconhecer meus erros, minhas fraquezas e minha personalidade. O que eu sou hoje, tudo que sou, como me visto, das coisas que gosto, enfim, tudo faz parte de mim. Eu lutei muito para conseguir me encontrar, para conseguir me sentir feliz comigo mesma e sentir satisfação com a minha vida. Quando alguém do seu sangue despreza o que você é, como se estivesse fazendo algo errado, isso é como um verdadeiro massacre. Não espero nada de ninguém de fora, mas pelo menos espero ser aceita pelas pessoas que amo.
            Tudo bem, eu resisti. Eu respirei fundo e, mesmo que tudo isso doesse, eu comecei o ano dizendo a mim mesma que eu ia dar o melhor de mim nos meus projetos e no que eu quisesse fazer. Eu fiz! Embora eu tivesse sorrindo por fora, estava chorando por dentro, mas resisti. Há alguns anos, eu me fechei totalmente para fazer amizades. Por motivos que eu preciso mesmo falar? Todo mundo já sofreu por desilusão de amizade, não é mesmo? Eu me fechei totalmente por um bom tempo. Porém, conheci pessoas que simplesmente pularam o muro e começaram a fazer parte da minha vida. 



            Eu sou muito insegura, então, o começo de uma amizade é sempre incerta. Você nunca tem certeza se realmente está sendo considerada e suas emoções viram uma bagunça. Eu tive uma pequena queda nessa busca de nova amizades, uma queda que me custou alguns meses de tristeza, porém, alguns outros anjos me apoiaram e me ajudaram. Até hoje, quando me lembro da situação, ainda me faz chorar. Será que sou tão frágil assim?? Eu queria ser mais forte! Às vezes, sinto que só consigo ser forte me fechando para o mundo, mas eu não quero viver assim. Embora o amor seja doloroso, desde que amizade seja sincera, ele pode curar o seu coração. Encontrei pessoas que me fazem me sentir nas nuvens e amada. Quero agradecer, do fundo do meu coração, o quão bem elas fazem ao meu coração.
            Eu já estive muito perto da morte, mas nunca tive que lidar com ela de fato. Esse ano, minha coelha morreu, meus dois hamsters também. A sensação que eu tinha da Yuki no meu pé toda vez que estava na cozinha, mas ela não estava ali, me fazia me sentir muito solitária. Mesmo assim, eu desisti da ideia de ter um animal, talvez eu não sirva para ter um. Depois de, finalmente, minha avó estar curada do câncer, embora ainda esteja em observação, minha tia, que havia vindo em 2016 para fazer exames e só tinha um gastrite leve no estômago, chegou aqui muito mal e foi diagnosticada com câncer em todo o estômago. Em menos de um mês, ela fez uma cirurgia de risco que, se desse certo, poderia lhe dar um tempo maior de vida.  Como um furacão, a notícia de que ela foi à óbito, depois de uma semana resistindo na UTI,  veio.
            Não sei o que senti sobre isso. No momento, eu fiquei normal. Como nós não convivíamos perto e não tínhamos contato, acredito que, naquele momento, foi como se eu tivesse recebido notícias de alguém conhecido, apenas. Sei, é frio da minha parte, mas realmente nunca havia passado por isso com alguém tão perto. Nem lembro qual foi a última vez que eu fui em um velório. Quando entrei e olhei ela lá, fiquei arrasada. Não porque ela havia falecido, porque comparado o quanto ela ia sofrer se tivesse viva, o melhor para era ela é estar descansando. O que me deixou arrasada foi ver que aquela pessoa não era ela. Não havia nenhuma feição naquele corpo inerte que parecia com a pessoa que eu havia visto há uma semana. Será que, pelo menos, não podemos ser nós mesmos quando morremos? Foi isso que pensei.
            Eu achei que não tinha sido abalada, mas eu estava, mesmo que não demostrasse. A Bíblia diz que é melhor ir em um velório do que em uma festa. Naquele dia, isso realmente começou a fazer sentido. Embora eu não estivesse sofrendo por perder um parente, eu pude sentir o peso de como a morte é, vem de forma totalmente inesperada. Pensar que eu posso perder alguém que amo ou em pensar que eu posso estar aqui e de repente desaparecer. Isso tem me atormentado, eu confesso. E mais uma vez, inesperadamente, talvez nem tanto, mas nunca esperamos a morte de verdade, o meu avô faleceu. Ele era um senhor bem de idade. Embora eu tenha convivido com ele, minhas lembranças ruins sobre ele são tantas, que não consegui sentir nada a respeito.


            Sinto que devo pedir perdão ao meu pai por me sentir assim, porque mesmo ele não sendo alguém que demonstre sentimentos, pela primeira vez, sentiu o peso da perda de alguém que fazia parte dele. Nós vimos que aquilo doeu nele como ninguém. Com isso, a minha avó teve um derrame. Embora eles não se dessem bem, nunca duvidei que ela o amava, mesmo ele sendo como era. Quando ele faleceu, foi demais para o seu coração. Eu não demonstro. Eu não disse nada à ninguém. Foram apenas duas pessoas que souberam sobre eu ter passado pelo luto, porque eu não publiquei por aí. O motivo é que não sei lidar com as perguntas e os “sinto muito”.  
            Eu apenas segui a minha vida. Evitei muitas coisas durante o ano todo. Minha mente estava tão tomada com as amizades novas, as neuras que isso me causava e meus projetos, que não consegui honrar com meu blog pessoal. A verdade é que meu ano foi uma completa bagunça. Algumas coisas boas vieram, mas o resto estava em colapso total. Agora que penso, até mesmo meu cuidado com minha saúde perdeu seu rumo. Comecei o ano pesando 55kg e terminei pesando 61kg. Tudo que perdi durante ano de 2016, ganhei em 2017. Como isso é frustrante! Além disso, teve essa crise financeira. Eu nunca tive que pensar tanto antes de comprar algo. Tive que me limitar o máximo que consegui, realmente desesperador. Todos os meus planos que dependiam do financeiro foram por água abaixo.
            Se eu for dar uma palavra para o ano de 2017, seria "bagunça". Estou feliz que finalmente acabou. Estou mais feliz porque esse ano eu já comecei organizando toda a bagunça do ano passado, inclusive vindo aqui escrever minha primeira postagem depois de uma vida toda. Talvez eu não devesse vir aqui e falar coisas tão íntimas do meu coração. Mas para que esse blog serve? Se não for para rasgar minha alma aqui, se não for para gritar o que estou sentindo, eu prefiro não escrever. Não ligo para o que vão pensar. Aqui é onde eu grito o que estou sentindo, leia se quiser e compartilhe sua dor, se quiser. Somos humanos. Estamos todos no mesmo barco, lutando para sobreviver nesse mundo onde tudo é incerto. Então, vamos dar o nosso melhor e resistir até o fim, mesmo que estejamos sangrando por dentro. A vida é mais curta do que dizem, não da para saber. Feliz ano novo! Desculpe se você estava esperando coisas felizes. Espere o ano começar, talvez esse coração desesperado por ser forte e feliz possa encontrar um motivo que o inspire a escrever coisas felizes.

Adeus, 2017 e bem-vindo, 2018!

“O impossível e uma palavra muito grande que gente pequena usa para tentar nos oprimir” (Pregador Lu)

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